Nosso Bairro
Unidos do Fragata e Thomaz Luiz Osório, dois símbolos do bairro
No dia dedicado à Cultura, DP traz a palavra de pessoas que dão vida ao CTG e à única escola de samba do Grupo Especial pentacampeã em Pelotas
No dia em que o Nosso Bairro transita pelo tema Cultura, entram em cena dois símbolos do Fragata: o Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Thomaz Luiz Osório e a Escola de Samba do Grupo Especial Unidos do Fragata, a única pentacampeã do Carnaval de Pelotas. Então, entre no ritmo. Nesta quinta-feira, 9 de junho, o DP vai da beleza das invernadas ao tema-enredo que já começa a se desenhar para 2023.
Folia, títulos e conexão com a comunidade
Escola foi tetra no intervalo de 1994 a 1997 e conquistou o pentacampeonato ao vencer o concurso entre 1999 a 2003 (Foto: Jô Folha)
A data para pisar novamente na passarela não está definida. Mas o mais importante já roda nas mentes: os antigos carnavais da rua 15 de Novembro levarão a Unidos do Fragata novamente às ruas, em 2023, em reencontro com o público após três anos sem desfiles em decorrência da pandemia. "Queremos consolidar uma nova identidade, criar um novo perfil", afirma o presidente em exercício Edson Luís Planella.
Não é uma tarefa simples. Em 31 anos de história e nove títulos conquistados - com um tetracampeonato e um penta -, seis tiveram a assinatura, o luxo e o capricho do estilista Pompílio de Freitas. E a morte do jaguarense ocorrida a cinco dias de a escola entrar na avenida, em 2003, coincide com o último troféu erguido pela entidade.
E o desafio de dar vida a este novo ciclo - em que criatividade, uso de diferentes materiais e artes cênicas ganhem peso - está nas mãos de João Bachilli, que se prepara para atuar como carnavalesco da Unidos pelo segundo ano. A estreia foi em 2019. De lá para cá, não houve mais nenhum momento de folia em formato de concurso em Pelotas.
"Pretendemos retomar, através das leis de incentivo, o trabalho para mão de obra profissionalizante de jovens em atividades da escola, como serralheiro, carpinteiro, alegorista e para confecção de instrumentos", exemplifica Planella. E o projeto tem conexão com a trajetória da própria entidade. A fundadora Iraí Duval da Conceição Berardi era líder comunitária e tinha um vasto trabalho social. Natural, portanto, que a Escola de Samba Unidos do Fragata tenha surgido - e faça parte até os dias de hoje - do departamento cultural da Associação de Amigos do Fragata.
E natural, também, que os integrantes de atividades realizadas na Associação como a capoeira, o grupo da terceira idade Bons Amigos e o CTG Candeeiro Crioulo incorporem os mutirões para aprontar a Unidos e transformem-se em foliões na hora de entrar na passarela. E é o que deve ocorrer mais uma vez durante a uma hora e cinco minutos regulamentares do desfile, em 2023.
Detalhe: Além da pentacampeã Unidos, o Fragata tem tradição no Carnaval com outras cinco entidades. A Escola de Samba Mirim Mocidade do Simões. O bloco burlesco Bafo da Onça. E três bandas: Kibandaço, Meta e Entre a Cruz e a Espada.
Arte, tradição e novas gerações
Formação atual da Invernada adulta (Foto: Divulgação)
Uma iniciativa instituída em março deste ano busca reforçar o time das novas gerações no CTG Coronel Thomaz Luiz Osório. É a Escola Thomaziana, para que a gurizada possa mergulhar nas tradições por 60 dias e, quem sabe, descobrir o gosto pelas invernadas, por exemplo. Aliás, no Thomaz, o aspecto artístico é um dos pontos altos do trabalho.
Quem conta é o coordenador da Invernada Adulta, Lucas Alves, 31, que frequenta o CTG desde a adolescência. Aliás, ele integrava o grupo que conquistou o quinto lugar no Enart, em Santa Cruz, nos anos de 2006 e 2009. Foram as melhores colocações, além do vice-campeonato em 1996, quando o festival ocorria na cidade de Farroupilha e era batizado de Fegart.
E para que o feito volte a se repetir não são poucas as horas de preparação. "Ensaiamos de dez a 12 horas semanais. Às vezes até mais das 22h a 1h da madrugada", conta. E comemora o fato de que finalmente, em 2022, todas as categorias estão na ativa. Neste momento, entre os adultos são 21 pares. Entre os veteranos são entre 12 e 13 pares. Já entre os grupos mirim e juvenil, a movimentação fica entre sete e oito pares. E a expectativa é de que se chegue ao final do ano com mais membros dando vida às atividades.
O patrão Marcelo Crizel também celebra a possibilidade de ver a movimentação voltar a crescer. Em 11 de janeiro de 2021, em um dos períodos que a pandemia da Covid-19 começava a se agravar, o CTG foi um dos prédios que acumulou estragos com o temporal em Pelotas. Parte do telhado ficou destruído e uma campanha precisou ser desencadeada junto à comunidade. A venda de um terreno, nos fundos da entidade, ajudou a viabilizar a obra. Em setembro, na Semana Farroupilha, a recuperação da sede estava concluída.
Hoje, o CTG, que abriu as portas em 2 de maio de 1968, possui exatamente 150 sócios. "Estamos num processo de retorno lento e gradativo. Ficar com a entidade parada por dois anos não foi algo fácil. As pessoas acabaram se afastando", lamenta o patrão. Mas mostra-se confiante no processo de retomada: há grande suporte dos integrantes da patronagem para ir em busca de ações para movimentar o Thomaz e a descoberta do gosto pelas tradições pode ser despertada.
"Eu mesmo não gostava de música gauchesca e não tomava nem chimarrão. Em 1995, comecei a namorar a minha esposa [Laila], que frequentava o CTG, e hoje estou aqui", destaca Crizel. E deixa o convite para quem quiser desbravar cultura, arte e tradição. Lado a lado, na sede da avenida Duque de Caxias, 1.319.
Para participar do Nosso Bairro!
O DP quer contar com a sua participação, através do projeto Nosso Bairro. Para ser nosso parceiro, envie sugestões para os e-mails [email protected] e [email protected]. Você pode também entrar em contato pelo (53) 3284-7023 ou pelo WhatsApp (53) 99147-4781. Se preferir, pode dirigir-se à sede do Jornal, na rua 15 de Novembro, 718.
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